Cadê Tereza?!

Acordei com a uma ligação da minha mãe, muito emocionada e triste. Isso porque hoje pela manhã minha tia Tereza faleceu.

Tia Tereza era uma tia avó, morava ao lado da minha vó lá em Salvador. Ali na Boa viagem, mais precisamente na Avenida Luiz Tarquínio, um bairro da parte baixa da cidade do axé. Um lugar famoso pela festa do Senhor Bom Jesus dos Navegantes e que aparece uma vez no ano no Jornal Nacional.



Tia Tereza era tranquila. Era viúva e cuidou de muitos filhos, muitos porque cuidou até dos filhos dos filhos. Sempre com aquela expressão fechada, ria só quando queria e tinha tanta força no espírito que dava pra sentir. Meus primos sempre ficavam tremento quando ouviam um chamado ao longe: "é a minha tia, vô lá!". Até porque sabia quetinha feito alguma besteira.

Como não vou a Salvador há muitos anos, também não falava com ela. Mesmo assim, nunca saiu da minha memória toda sua personalidade. Lembro que sempre estava lavando roupa, cozinhando ou estendendo roupa na frente de casa e dando uma olhada nos meninos ali na frente. O único cara que fazia ela rir assim de supetão era meu pai, que mandava alguma gracinha ("das antiga") que só eles entendiam. Era como se ela lembrasse dos tempos em que ele ia lá namorar com a minha mãe e por um momento, esquecesse das milhares de obrigações do dia.

Fica uma saudade diferente. Não estava presente na vida dela há muito tempo, mas sei que ela sabia de tudo que acontecia por fotos ou naquela conversinha com minha vó na janela depois de um café.

Junto com ela, aqui em Juiz de Fora, o primeiro padre surdo da América Latina. Por outro lado, lá em Recife, é feriado, dia de Nossa Senhora do Carmo.

Sempre é ruim perder alguém, mas Tia Tereza não foi embora. Ela sempre vai estar ali no Luiz Tarquínio, lavando, passando, cozinhando e gritando meus primos. De vez em quando até rindo, lembrando das piadas do meu pai.








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